A última palestra da Flim, Festa Literária do
Medianeira, foi na noite de sexta-feira, 25 de outubro de 2013. Perante um
público misto, em comparação ao de bate-papos nos quais estudantes de sextos e
sétimos anos compunham parte dos ouvintes, Caetano Galindo indaga ao convidado
como acontece o processo de escrita, comumente associado a solidão.
A escrita é uma forma de expressão além da
oralidade e da convivência, responde Daniel Galera, e enxerga uma tendência
introspectiva em si mesmo, longe de ser antissocial, mas por ‘necessitar’ de
tempo para dedicar-se a escrita. Antes de tornar-se ficcionista, tentou
pintura, música, mas não obteve resultado, e encontrou-se na escrita, atividade
que transcende a solidão, ele diz – apesar de nunca ter idealizado o ofício ou
se imaginado escritor.
Caetano Galindo, o mediador, fala da acolhida
de Barba Ensopada de Sangue, premiado em terceiro lugar no Jabuti 2013 na
categoria romance, e indaga Daniel
Galera como é a ‘transição’ entre eremita e figura pública. Durante a
divulgação de Cachalote, projeto em parceria com Rafael Coutinho, Galera teve
contato com o fiel público das Histórias em Quadrinhos, até então novo para si,
e foram muitos convites Brasil afora para ir a feiras de HQs. No caso do
circuito literário, ele conta ser possível viver disso, de ir a todo evento em
que se é chamado, tanto mediando encontros entre público e autor ou sendo
convidado; em especial nos eventos cujos temas de debate são as obras dos autores,
aumentando a chamada demanda por eles, como diz Galera, algo que todo autor
contemporâneo deve lidar nessa euforia ‘incomum’ de eventos literários.
E como é a pressão de um livro não escrito,
há uma angústia para escrever? Pergunta Galindo. Daniel responde mencionando o
que David Foster Wallace chamou de criança defeituosa – pior é quando ela (o
livro) não existe, o processo de escrita é considerado pelo autor melhor do que
o de promoção do livro, e também o motiva a não querer sair de casa, buscando a
solidão essencial para a atividade.